📎 O trabalho nunca é apenas técnico. Ele é também simbólico.
Quando falamos de desempenho, metas e produtividade, falamos de parâmetros objetivos. Mas por trás de todo resultado, há também um sujeito que se implica — ou se desimplica.
O sentido do trabalho não está só no que se faz, mas em como se é reconhecido ao fazê-lo.
Não se trata de “elogios” ou “motivação”. Trata-se de um reconhecimento mais sutil: aquele que diz que o que você faz tem valor — e que você existe naquele gesto.
Quando esse reconhecimento falha, muitas vezes não é o corpo que cansa primeiro, mas o desejo.
É nesse ponto que começam a surgir formas silenciosas de mal-estar: a perda de sentido, o esvaziamento do vínculo com a equipe, a sensação de não ter mais lugar.
Fala-se muito em burnout, mas pouco se fala de um outro tipo de esgotamento:
aquele que acontece quando o trabalho exige que o sujeito atue contra o que acredita, ignore o que sente ou silencie o que pensa.
Não é apenas o excesso que adoece, mas o desalinho entre o que se faz e o que se pode sustentar internamente.
Valorizar o trabalho não é apenas celebrar conquistas.
É reconhecer que, por trás de cada entrega, há um laço, um esforço simbólico, uma busca por sentido — mesmo quando isso não é dito.

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