Nos últimos anos, temos avançado muito na compreensão do cérebro, do comportamento, das múltiplas formas de aprender e existir.
A ideia de neurodesenvolvimento tem oferecido caminhos potentes — especialmente quando se trata de identificar e acolher crianças com necessidades específicas.
Mas, como toda promessa de precisão, ela também carrega riscos.
📍O risco de reduzir a complexidade da infância a métricas e marcos.
📍O risco de transformar diferenças em diagnósticos.
📍O risco de esquecermos que, antes de qualquer funcionamento cerebral, há uma criança. Um sujeito. Um laço.
Não se trata de negar os avanços. Muito menos de demonizar os profissionais que atuam nesse campo — muitos dos quais oferecem cuidado genuíno e necessário.
A questão é: como acolher sem capturar?
Como nomear sem aprisionar?
Como tratar sem apagar a singularidade?
Na ânsia de ajudar, às vezes esquecemos de escutar.
🔍 Uma criança que não acompanha a turma pode estar pedindo atenção.
Ou silêncio. Ou espaço. Ou apenas tempo.
Nem sempre é sintoma. Às vezes é só infância — e isso já é muita coisa.
A provocação aqui não é contra a ciência, mas a favor do humano.
Para que possamos ampliar o olhar — e lembrar que diagnóstico não é destino.

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