Quando alguém chega a um consultório de psicologia, traz consigo uma pergunta silenciosa: o que acontece comigo? Às vezes é um sintoma claro — uma ansiedade que acelera o coração, uma dificuldade em falar, uma tristeza persistente. Outras vezes, é algo mais difuso, quase indizÃvel: o mal-estar no trabalho, os conflitos em casa, a sensação de não caber em lugar nenhum.
Diante disso, surge a tentação de buscar respostas prontas. Um diagnóstico pode trazer alÃvio imediato: colocar um nome sobre o sofrimento parece oferecer uma explicação, quase uma promessa de solução. Mas o risco é transformar esse nome em etiqueta. Como se a vida da pessoa pudesse se reduzir a uma palavra técnica ou a um rótulo clÃnico.
Na prática, a experiência é mais complexa. Nomear é útil quando abre caminho para compreender, quando ajuda a organizar o cuidado e a sustentar um percurso. Mas nomear não pode jamais substituir a singularidade da pessoa. Cada história traz suas nuances, cada sintoma carrega uma mensagem própria — e o que realmente importa é descobrir como aquele sofrimento faz parte da vida de quem o apresenta, e de que maneira pode ser transformado.
Um espaço de escuta é, acima de tudo, um lugar para que a pessoa possa existir sem precisar se resumir a uma definição. Ali, ela pode descobrir suas próprias palavras, seus próprios modos de se reinventar.
Dar nome ao sofrimento, sim — mas para abrir caminhos, nunca para fechar destinos.
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